25.11.10

Zé Azar

O azar sempre lhe perseguiu, Zé não podia sair de casa de chinelo que pisava em alguma coisa ruim que, normalmente, sujava o seu pé todo. Certa vez comprou um guarda-chuva, daquele dos maiores e mais baratos, ao abrir, além de quebrar, a chuva parou. Com pouco esforço Zé conseguiu consertar com um clipe de papel, mas como para ele isso era pouco toda vez que saia com o guarda-chuva não chovia, e quando saia sem o céu desabava, só parava de chover quando chegava em casa, e se esquecia a chave ai a chuva não cessava.

Um dia desses ocorreu-lhe o cúmulo do azar. Zé tinha um braço operado que nunca sarava, foi fazer a milésima sessão de fisioterapia, dormira pessimamente na noite passada, pois seu cão de estimação não se cansava de latir com os cachorros da vizinhança, nada mais típico na sua vida. Porém o dia estava diferente, Zé havia ganhado um bom dia da fisioterapeuta, choveu enquanto se empossava de seu guarda-chuva com o clipe e pela primeira vez o ônibus chegava no ponto, depois dele, e com lugares para sentar e além de tudo isso, conseguiu pegar o ônibus no tempo certo da integração, sem pagar duas passagens como sempre acontecia.

Zé era só felicidade, talvez isso não seja nada para os outros, mas para ele os ventos estavam mudando de rumo. Zé subiu no bumba todo sorridente, escolheu seu lugar, no banco mais alto, encostou a cabeça na janela e dormiu como um anjo. Cinco minutos depois, o ônibus parou, aquele apito infernal de alguma coisa estava dando errada, o coletivo quebrou. Zé fez aquela cara de que os velhos tempos voltaram, mas não desistiu desceu do ônibus e aguardou o próximo, como todos tinham bilhete único ele logo pensou: “Vou me posicionar aqui, assim que o próximo ônibus abrir a porta da frente eu entro e sento de novo”. Porém como de praxe, o ônibus demorou meia hora pra chegar, quando chegou o ponto estava com mais pessoas. Zé se posicionou e correu para a porta da frente como se estivesse em guerra, correu pegou o bilhete e foi passar na catraca, quando levantou a cabeça viu, todos até os que não estavam no ônibus quebrado entrando pela porta de trás, mesmo assim ele sacou o bilhete único, este travou na primeira, quando finalmente Zé havia conseguido passar já não havia mais nenhum lugar sobrando e, além de sua passagem ser cobrada, ele foi em pé apertado, balançando, com sono e fome por pelo menos mais trinta minutos.



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