Um dia desses depois de passar mais de 30 minutos esperando por um ônibus que deveria passar de 15 em 15 minutos virei-me num movimento de indignação e vi um senhor uniformizado consertando uma placa que dizia "CMTO- Tratando o usuario com dignidade". Sem pensar e com uma desinibição que nem eu mesma conhecia olhei nos olhos dele e murmurei "quanta dignidade heim!?", foi aí então, em um dos momentos mais surreais da minha vida me respondeu "dignidade?! eu nem sei o q e isso, moça!". E eu fiquei ali no vazio, perplexa, tentando entender e me questionando se ele estava sendo irônico ou não e qual das opções era mais desconcertante. E entre outras coisas o que me deixa mais apavorada é perceber que as pessoas perderam a capacidade de se indignar, como se essa situação fosse uma condição, que o que elas tem fosse uma dadiva, não percebem que tudo pode e deveria ser diferente, que o poder esta nas mãos dela, que hã uma escolha, há uma solução. E assim nos vamos, gratos pelo que e possível e condicionados a pensar q somos livres! Cinco minutos depois o ônibus passou e eu subi com as mãos no bolso pensando que talvez eu nem fosse me atrasar tanto! Indignação numero dois.
Gisele Manoel
Ae postou rs
ResponderExcluirGostei da postagem. Pensei na reflexão de José Saramago em - Ensaios sobre a cegueira - que inclusive saiu em filme de mesmo nome e dirigido por Fernando Meireles. Às vezes penso que vivemos no mundo da cegueira, e concordando com Platão no - Mito da Caverna - aqueles que estão fora deste mundo não conseguem libertar os cegos da escuridão, e são taxados como loucos e ilusionistas.
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