27.2.11

Ateu I

È difícil. Me lembro sempre do semblante de um colega evangélico quando este descobriu a notícia. E as suas palavras: “Tudo bem, você é uma cara legal, e Deus vai te mostrar que ele existe.” Acho que ele, assim como muitos, nunca entenderia afinal eu não sou ateu por conveniência, mas, simplesmente, sempre fui, desde criança pelo o que me lembro. O pior é que, quando as pessoas me falam isso, que esse colega me falou, elas não tem ideia de que a cada dia me afasto mais da crença, eu li Nietzsche, me afastei, li a bíblia, me afastei mais ainda. Mas isso não é nada, minha própria cabeça, não sei por que, me condicionou a isso, e, como eu já havia dito, desde a minha infância.
Quando eu ia para a casa da minha avó no interior de Minas Gerais, ela morava na zona rural, em uma casa grande que ficava na beira de uma estrada, a casa também se localizava na parte baixa de um morro, na frente da casa havia um pasto esse ficava mais alto do que a casa. Como era de costume todas as casas tinham uma cruz para proteger-las, a cruz da casa da minha avó, ficava no pasto, portanto ficava em um nível mais alto que o da casa. Eu ainda tinha uns oito anos, pouca fé, mas muito medo, porém além de medo eu também tinha um estilingue. Como a cruz ficava em um ponto estratégico ela servia muito como alvo, e não dava outra era o alvo das minhas pedradas, como criança eu temia que a noite fosse castigado por deus, alguns sustos e barulhos a noite, acordava com medo, e dormia. Ao acordar, ainda estava vivo, bem o que era brincadeira virou prática, depois, fugi da crisma, neguei tudo, discuti e discuto com religiosos, e como sempre quase nunca fui respeitado.
A maior raiva de todo o ateu é essa, não poder ser ateu, isso só faz com que ele lute mais por isso, o direito de não acreditar e ser minoria. Passei pelo menos dez anos da minha vida ouvindo que a crença é algo quase obrigatório, parece que até deveria constar no currículo, já ouvi até certas acusações meio loucas de que, ateus não acreditam em deus, por isso não tem medo, por isso são assassinos. Eu já penso exatamente o contrário e ainda fico feliz de participar da mesma minoria que, José Saramago, Luis Buñuel e Caetano Veloso.

Claudio Eduardo da Silva

20.2.11

Fazendo Cinema.




A inigualável experiência de contar uma história através de imagens em movimento. Esculpindo o tempo, com uma câmera que mostra um conjunto de imagens de um quebra cabeça que nunca talvez nunca se monte por completo. Como mágica a ilusão se cria, e todos acreditam, que, aquele ato está, e sempre esteve, diretamente relacionado com o ato anterior e com o próximo. Não é à toa, Méliès era mágico e sacou isso, a magia. Nem sempre só contar uma história, mas montar a história, reviver Spartacus ou fazer nascer Alphaville, planeta esse, que sabemos, não é tão distante da terra. Filmar Marx, Nietzsche. A magia, aqui, alcança proporções enormes!

Claudio Eduardo da Silva

Foto: Samira Nagib

11.2.11

Insights x Imagens (1)

 - Por que resistência sempre tem cara de anarquia?




Imagens: Centro de resistência contra o nazismo e atual centro cultural e cinema. Berlin, Alemanha, 2010. Fotos de Gisele Manoel.

Música: Inferno - Banda: Nação Zumbi - Álbum: Fome de Tudo

Interessante notar nesta música o que parece óbvio, porém para muitos passa despercebido, ou seja, o inferno chega rápido e o paraíso demora a chegar. Acredito que seja uma mensagem de alerta para os guerreiros da vida, pois o desafio, a luta, o combate e os conflitos são mais comuns em nossa realidade e o paraíso ( a felicidade) quando chega nem demora tanto. Eu experimentei o néctar da felicidade e continuo de pé, a desafiar o inferno em nome da minha felicidade.

2.2.11

Música de um assassinato na estação de metrô

Em uma estação de metrô de São Paulo, está um jovem portando um aparelho de mp4, o visor desse aparelho mostra as seguintes informações:

Música- 4’ 33” artista- John Cage.

Depois de olhar o visor de seu aparelho o jovem olha para o relógio da estação,´como é domingo sabe que o trem irá demorar. Olha para os dois lados e segue para o fundo da estação, nota que do outro lado na plataforma há um casal de namorados brigando, mas não se importa. Vai andando e senta-se em um banco, continua a observar o casal brigando e nota que a briga começa ficar cada vez mais tensa, os gritos da mulher e do homem tomam conta do cenário. O trem então se aproxima, mas a briga não para, o trem para na estação e cobre a visão do rapaz. Um grito é ouvido, o trem parte, ele vê o corpo da menina caída no chão, pessoas correm para socorrê-la, o trem do rapaz chega e ele vai embora olhando para a moça caída, então outra música começa a tocar em seu aparelho.

Claudio Eduardo da Silva